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O fim da batalha judicial entre Blake Lively e Justin Baldoni

Por: Ana Claudia Paixão - via Miscelana

No que talvez seja o episódio mais explosivo de Hollywood desde o julgamento de Johnny Depp e Amber Heard, o embate jurídico entre Blake Lively e Justin Baldoni chegou a uma reviravolta decisiva: a Justiça dos Estados Unidos descartou nesta segunda-feira (9) a ação bilionária movida por Baldoni contra Lively, Ryan Reynolds e o New York Times. A decisão do juiz Lewis J. Liman representa não só um revés jurídico dramático para Baldoni — que pedia US$ 400 milhões em indenizações — como também marca um ponto de virada em uma batalha pública marcada por acusações de assédio, difamação, retaliação e manipulação da mídia.

Para quem não acompanhou desde o início: tudo começou com o polêmico set do filme It Ends With Us, adaptação do livro de Colleen Hoover, estrelada e coproduzida por Lively e Baldoni. Em dezembro de 2024, após o lançamento do filme, Blake Lively protocolou uma queixa formal junto ao Departamento de Direitos Civis da Califórnia, acusando o colega de assédio sexual e comportamento retaliatório. A denúncia vazou rapidamente para a imprensa e deu início a uma guerra de versões. A atriz alegava não apenas constrangimentos e toques indesejados no set, mas também um padrão de intimidação e isolamento profissional.

 Blake Lively e Justin Baldoni
Blake Lively e Justin Baldoni Imagem: Reprodução

Baldoni negou todas as acusações e, em janeiro de 2025, partiu para o contra-ataque: processou Lively, seu marido Ryan Reynolds (também produtor do longa) e sua ex-publicista, Leslie Sloane, por difamação, quebra de contrato e danos à sua reputação e empresa, a Wayfarer Studios. Também entrou com uma ação separada contra o New York Times, acusando o jornal de ter colaborado com um suposto "esquema de destruição de imagem". A cifra total dos processos: mais de US$ 400 milhões.

Hoje, tudo isso desmoronou. O juiz Liman decidiu arquivar tanto o processo contra Lively e Reynolds quanto a ação contra o Times, alegando que a queixa original de Lively era protegida por lei (como parte de um processo administrativo de direitos civis) e que Baldoni não conseguiu provar má-fé nas declarações feitas contra ele. O juiz ainda foi mais fundo: sugeriu que a base do processo de Baldoni era frágil e dependia, em parte, de uma mensagem de texto enviada por um jornalista, James Vituscka, que posteriormente admitiu ter errado ao usar a expressão "assédio sexual" quando, na verdade, queria dizer "importunação". Esse recuo minou ainda mais a credibilidade do processo de Baldoni.

Com a decisão, os advogados de Blake Lively classificaram o caso como uma "vitória completa" e um "desmascaramento de uma tentativa abusiva de litígio". E agora prometem ir além: disseram que irão buscar indenização por danos morais, honorários advocatícios em triplo e punições adicionais, alegando que o processo de Baldoni foi movido de forma maliciosa, como forma de calar e intimidar a atriz.

O que está em jogo aqui, mais do que cifras milionárias ou reputações, é um embate público de credibilidade — e, por ora, Blake Lively venceu essa rodada. Embora Baldoni e seus representantes ainda tenham até 23 de junho para reformular suas alegações, o peso da decisão judicial já aponta para uma erosão considerável do caso dele. A leitura pública é a de que Baldoni apostou em um contragolpe jurídico para tentar salvar sua carreira após acusações sérias — e perdeu.

Vale lembrar que o filme It Ends With Us, lançado em agosto de 2024, já estava cercado de polêmicas antes mesmo das denúncias — desde críticas ao tom da adaptação até desentendimentos criativos reportados durante as filmagens. Agora, sua memória ficará inevitavelmente manchada por essa batalha pública, que acabou sobrepondo qualquer discussão artística. Ironicamente, a história do filme gira em torno de abuso psicológico e superação — o que tornou o paralelo com a vida real ainda mais tenso e comentado.

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Outro elemento central do caso foi a figura de Ryan Reynolds. Embora ele não estivesse envolvido diretamente nas acusações iniciais, foi citado por Baldoni como parte de uma campanha deliberada para destruí-lo — acusação que o juiz também rejeitou. A tentativa de Baldoni de envolver Reynolds, um dos atores mais queridos e midiáticos de Hollywood, foi vista por muitos analistas como um tiro no pé, ao tentar colar a imagem de perseguidor a uma figura extremamente popular e pública.

Dito isso, o que esse desfecho diz sobre a indústria do entretenimento hoje? Por um lado, reforça que denúncias de assédio não são mais facilmente silenciadas com acordos ou contra-ataques jurídicos - sobretudo quando partem de figuras de alto perfil como Blake Lively, que optou por tornar o caso público e seguir até o fim. Por outro, expõe como celebridades (de ambos os lados) podem instrumentalizar a mídia e o judiciário em estratégias de defesa ou ataque - algo que tem se tornado cada vez mais frequente em Hollywood, como nos casos de Depp x Heard, Shia LaBeouf x FKA twigs e Jonathan Majors.
No meio disso tudo, o público também se vê dividido: houve quem acusasse Lively de oportunismo, enquanto outros a celebraram por romper o silêncio.

Baldoni, por sua vez, viu sua reputação despencar em meses, ao ponto de sua participação em futuros projetos da Sony e da Netflix ter sido suspensa temporariamente.

Para Blake Lively, o desfecho da batalha judicial é mais do que jurídico: é simbólico. Ela não apenas venceu uma ação milionária, como agora se posiciona publicamente como uma voz firme contra o assédio nos bastidores de Hollywood — algo que, ironicamente, muitos críticos diziam que faltava a ela em sua carreira até aqui. A imagem da "atriz bonita e elegante", vinda de Gossip Girl, agora cede espaço a uma figura mais combativa, que enfrentou o colega, a imprensa e um processo de US$ 400 milhões — e venceu. Não sei se gosto dessa narrativa, mas é a que ficou judicialmente marcada.

E para Justin Baldoni? O futuro é incerto. Com o fracasso da ação judicial, ele pode tentar reconstruir sua imagem com novos projetos, mas a poeira ainda não baixou. Mais do que nunca, Hollywood está atenta — e cautelosa. Como disse um analista jurídico ao Deadline: "ele apostou tudo… e o tribunal o fez pagar o preço."

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Imagem: Divulgação

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do BOL

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