CPI das Bets rejeita relatório e decide não indiciar Virginia e outros 15

A CPI das Bets rejeitou hoje o relatório que solicitava o indiciamento de Virginia Fonseca e outras 15 pessoas —incluindo representantes de casas de apostas e empresários.

O que aconteceu

Em reunião esvaziada, o texto foi recusado por 4 votos a 3. Diante da decisão, chega ao fim a comissão parlamentar de inquérito.

Votaram contra:

  • Angelo Coronel (PSD-BA);
  • Eduardo Gomes (PL-TO);
  • Efraim Filho (União-PB);
  • Professora Dorinha Seabra (União-TO).

Votaram a favor:

  • Alessandro Vieira (MDB-SE);
  • Eduardo Girão (Novo-CE);
  • Soraya Thronicke (Podemos-MS).

Relatora da CPI, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) apresentou relatório final na terça-feira (10). A votação ficou para hoje após pedido de vista do senador Angelo Coronel (PSD-BA).

Senadora garantiu, no entanto, que encaminhará as conclusões ao MP (Ministério Público), Ministério da Fazenda e Polícia Federal.

A investigação não é somente sobre influenciadores ou sobre bets em si. Uma camada abaixo, duas, três camadas abaixo, nós temos lavagem de dinheiro, evasão de divisas. Senadora Soraya Thronicke

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Comissão apurou o uso de influenciadores digitais na divulgação de jogos de azar. O colegiado também investigou suspeitas de crimes como lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e outros supostos crimes envolvendo o setor.

Objetivo da comissão foi analisar a influência das apostas online no orçamento das famílias brasileiras e os impactos sociais e na saúde mental.

Relatório final

Virginia posa com Soraya Thronicke e Hiran Gonçalves na CPI das bets
Virginia posa com Soraya Thronicke e Hiran Gonçalves na CPI das bets Imagem: Reprodução/Instagram

Documento afirmava que a CPI constatou a prática de diversas infrações penais relacionadas às apostas online no Brasil. "Apostas em eventos virtuais de jogos online (como os caça-níqueis online) são mais propícias à manipulação algorítmica e ao uso para fins ilícitos", completou.

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Relatora argumenta no texto que influenciadores praticam estelionato ao "simular apostar valores altos quando, na verdade, utilizam contas simuladas".

A atuação de influenciadores em redes sociais não é como uma publicidade qualquer. Ela é baseada na credibilidade que deriva de uma suposta atuação real dessas pessoas. Não há dúvida, assim, de que esses vídeos de apostas irreais induzem os seus seguidores em erro sobre os ganhos incorridos pela influenciadora.

Virginia Fonseca

Documento solicitava que Virginia Fonseca fosse indiciada pelos crimes de publicidade enganosa e estelionato. Na terça-feira (10), a defesa técnica da apresentadora disse que havia recebido com "surpresa e espanto" o relatório e voto pelo indiciamento.

Influenciadora protagonizou um dos depoimentos mais comentados (e criticados). A contratada do SBT, que apareceu no Senado com visual oposto ao que mostra nas redes sociais, negou a existência da chamada "cláusula da desgraça" em contratos com plataformas de jogos.

De acordo com reportagem da Revista Piauí, que foi publicada em janeiro, um contrato da famosa com a Esporte da Sorte estabelecia o pagamento adicional de 30% do valor perdido pelos usuários em apostas. "Em momento algum era sobre perdas", disse Virginia, em depoimento à CPI, no dia 15 de maio de 2025.

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Os números da CPI

CPI das Bets
CPI das Bets Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

CPI das Bets, que iniciou atividades em novembro de 2024, ficou marcada pela baixa adesão parlamentar. Ao longo do período, a comissão realizou 20 reuniões e ouviu 19 pessoas. Entre os depoentes estiveram representantes do governo federal, influenciadores digitais e donos de sites de apostas.

Sete dos depoentes foram convocados, o que implica em obrigação de comparecer. Outras seis pessoas não apareceram para depor. Entre os nomes que se ausentaram estão os influenciadores Adélia Soares, que conseguiu uma decisão favorável no STF, e Jon Vlogs, que alegou compromissos fora do Brasil.

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