O mecânico agradece: como detonar o câmbio automático do carro em 5 passos

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Cada vez mais presente nos automóveis zero-quilômetro vendidos no Brasil, o câmbio automático traz vantagens indiscutíveis.
A comodidade de contar com uma tecnologia que troca as marchas para você é um dos principais benefícios desse tipo de transmissão.
Contudo, nunca é demais lembrar que o câmbio automático também requer cuidados na respectiva operação e também na sua manutenção preventiva.
Segundo especialistas consultados por UOL Carros, o mau uso e a falta de cuidados, com o passar do tempo, vão danificando componentes dessa transmissão —cujo reparo não costuma ser barato.
Veja cinco exemplos de como detonar o câmbio automático do seu veículo e depois gastar uma fortuna com o mecânico.
1 - Selecionar 'P' ou 'R' com carro em movimento

Ao manobrar, na pressa, é comum o condutor selecionar a opção "R" (ré) com o veículo ainda se movimentando para a frente. Ou acionar "P" (estacionamento), que trava as rodas motrizes, antes de o carro parar completamente.
Mesmo que esse erro aconteça a baixa velocidade com o tempo ele vai danificando componentes da transmissão automática, como engrenagens. O risco é maior em câmbios mais antigos, porque as posições são acionadas mecanicamente. Já os modelos mais novos são equipados com um controle eletrônico que impede acionar a ré ou a posição de estacionamento com o veículo em movimento.
2 - Tentar fazer motor 'pegar no tranco'

Teoricamente seria possível fazer um carro automático "pegar no tranco". Contudo, especialistas destacam que muito dificilmente a tática será bem-sucedida.
O sistema de injeção de combustível também requer eletricidade para que possa funcionar. Além disso, o risco de detonar a transmissão é muito elevado e a tentativa não compensa.
Um dos riscos de tentar fazer o motor "pegar no tranco" é o rompimento da correia dentada. Ela é responsável por sincronizar a abertura e o fechamento das válvulas, e o risco de rompimento aumenta se o "tranco" for muito forte.
A possibilidade de estragos cresce se o motor for a diesel, que tem taxa de compressão ainda maior
Há o risco, ainda, de danificar outras peças, como pistões e bielas, o que obrigaria a fazer uma retífica do motor. Esses alertas valem tanto para carros manuais quanto para automáticos. Se a bateria ficar descarregada, o recomendado é fazer a "chupeta", conectando-a a outra com carga ou a um carregador rápido portátil. Caso a bateria não retenha carga, será necessário trocá-la por uma nova.
3 - Ignorar a troca de óleo do câmbio

Muitos acreditam que câmbio automático não requer manutenção e essa crença pode gerar prejuízos pesados lá adiante.
- Transmissão automática tem engrenagens e outras peças que precisam estar bem lubrificadas;
- As especificações e os prazos para a troca do fluido são indicados no manual do veículo e devem ser respeitados;
- O serviço, inclusive, pode ser antecipado, dependendo das condições de uso do automóvel;
- Vale destacar que alguns modelos não trazem a recomendação de troca de óleo, que supostamente dura por toda a vida útil do veículo;
- No entanto, isso não significa que a transmissão automática está livre de problemas de lubrificação porque pode acontecer algum vazamento, o que reduz o nível do lubrificante, elevando o atrito entre as partes internas e a temperatura, que é uma grande vilã quando se trata dos carros automáticos.
Os especialistas destacam que, além da redução no nível, o óleo do câmbio pode receber algum tipo de contaminação por agentes externos, o que reduz a sua eficiência. Vale verificar o lubrificante durante as revisões. Se apresentar uma aparência escurecida, isso pode sinalizar que já não apresenta as características necessárias de lubrificação.
Problemas com o óleo apresentam sintomas comuns, como trancos na troca de marchas. A transmissão também pode "patinar", ou seja, ao acelerar o carro demora alguns instantes para tracionar as rodas.
4 - 'Segurar' o carro na subida com acelerador

- Um erro comum em carros manuais é manter o veículo parado no aclive dosando os pedais da embreagem e do acelerador;
- A prática detona a embreagem e, se for recorrente, fará com que o item tenha de ser trocado prematuramente;
- Automóveis automáticos também são capazes de permanecer parados na subida sem a necessidade de o condutor acionar os freios;
- Dependendo da inclinação, a marcha lenta já é suficiente para "segurar" o carro;
- Em outros casos, basta colocar uma leve pressão no pedal do acelerador para isso acontecer;
- Ainda que veículos automáticos convencionais utilizem conversor de torque, que não sofre desgaste mecânico como a embreagem, mantê-los parados da forma descrita acima é uma "barbeiragem".
Os especialistas recomendam manter o pé no freio sempre que o carro estiver parado, como em semáforos, independentemente da inclinação da via. Assim, o conversor de torque é desacoplado e o motor fica livre, sem gastar combustível.
5 - Colocar o câmbio em neutro ao parar no semáforo

- Motoristas acostumados com veículos manuais têm o hábito de colocar o câmbio em ponto morto ao parar no semáforo ou em congestionamentos;
- A prática está correta, pois assim o condutor deixa de manter o pedal da embreagem pressionado durante a parada, preservando o componente;
- Contudo, em carros automáticos, a recomendação é outra: o correto é manter o câmbio na posição "D" e o pé no pedal do freio;
Isso mantém o sistema hidráulico pressurizado e os componentes lubrificados. A lubrificação de muitas transmissões automáticas depende da respectiva conexão com as rodas.
A função "N" (neutro) foi criada para situações de manutenção, quando é preciso rebocar o veículo ou movimentá-lo com o motor desligado, liberando as rodas de tração.
Alguns carros trazem tecnologia que desacopla automaticamente o câmbio, inclusive com o veículo em movimento, para poupar combustível.
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Fontes: Cláudio Castro, engenheiro, membro da SAE Brasil; Edson Orikassa, engenheiro mecânico e ex-presidente da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva); Erwin Franieck, membro da SAE Brasil; Camilo Adas, membro da SAE Brasil.
*Com informações de matéria publicada em 19/02/2024
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