O falso dilema do camisa 10
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Carlo Ancelotti não é um revolucionário, mas um camaleão.
Quer dizer que a marcação por pressão, ponto forte do Brasil contra o Paraguai, elogiada pelo técnico rival, Gustavo Alfaro, não será repetida em todas as partidas. Haverá momentos em que será necessário dificultar mais a saída do adversário, em outros mais inteligente usar o contra-ataque.
Daí a pergunta ao técnico da seleção, em sua entrevista coletiva, sobre a soma, ou contradição, entre dois conceitos do futebol: pressing x regista. Do italiano se puxa para o português: pressão x camisa 10.
A resposta de Ancelotti não foi direta.
"O futebol moderno é de intensidade com a bola e sem a bola. A pressão é importante, porque não permite ao rival ter tempo para jogar como quer. Há um problema: para pressionar é preciso correr!"
O técnico da seleção jamais dirá jamais. Não existe nunca. Há análises de momentos e situações. Aprendeu com Nils Liedholm, na Roma, com Arrigo Sacchi e Fabio Capello, no Milan. Ancelotti é o resultado desta soma de estilos.
Não descarta nem confirma o tal 10, porque foi treinador de Zinedine Zidane, a maior afirmação de que um gênio pode jogar no futebol atual, se houver dedicação e entrega ao trabalho coletivo.
Modric e Toni Kroos são diferentes. Na nomenclatura brasileira, eram mais volantes, Kroos no Bayern, Modric no Tottenham. Parecem 10, mas são meio-campistas. A atuação de Bruno Guimarães contra o Paraguai — sim, é só o Paraguai — indica que volantes podem ser armadores. Ou os mais influentes numa partida.
O Brasil não será eternamente pressing nem renunciará ao dez. Nem sempre nem nunca.
"Você deve se sacrificar, ter compromisso, .atitude... Depois, você pode fazer menos pressão porque queremos fazer menos pressão ou mais pressão, porque queríamos mostrar uma versão distinta."
Em síntese, Ancelotti sabe que não precisa de um dez, que o futebol brasileiro não está em dívida com isso.
O dez pode ser como Ademir da Guia ou como Zico, ou meia armador ou ponta de lança.
Sempre foi assim, características e funções distintas para camisas com o mesmo número.
Hoje é Vinicius Júnior. O número 10..
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