Cris Guterres sobre adoção: 'Eu sabia que não queria ser mãe biológica'
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Cris Guterres sabia desde cedo que não desejava engravidar. "Sabia que não queria ser mãe biológica, gravidez não é para mim, não me sinto bem", disse a colunista do UOL no 'Acessíveis', videocast do Canal UOL desta semana. O desejo da maternidade, porém, não deixou de existir, o que levou à adoção do filho, Rafa, atualmente com 20 anos, que na época tinha 14.
A escolha pela idade do filho foi consciente e estratégica. A jornalista disse que não queria crianças com menos de 10 anos, pois sua prioridade era a carreira.
"Era uma carreira que eu estava construindo naquele início, e eu queria continuar viajando, me divertindo, sendo essa mulher que vai a festas, que vai a jantares, que sai com as amigas, sem ter que ser mãe em tempo integral", disse ela.
O processo de adoção também foi acompanhado por uma figura ainda pouco conhecida no Brasil: a doula de adoção. Cris foi acompanhada por Mari Muradas, que atua como suporte emocional, jurídico e psicológico a pais adotivos.
Ela entrou na vida da jornalista quando o vínculo afetivo com Rafa ainda era informal: ele era seu afilhado afetivo. "Eu ainda tinha dúvidas. Pensava: e a minha carreira? E aí eu falei, acho que antes de adotar, vou amadrinhar, e foi o que fiz".
A presença da doula, segundo Cris, foi fundamental para lidar com questões práticas e emocionais, desde dúvidas jurídicas até momentos desafiadores da maternidade.
"Tem aquele colo que a gente precisa, e eu optei por ser mãe solo, então o colo da Mari é o de eu poder dizer 'tô me sentindo um lixo, porque aconteceu isso, isso e isso, sou uma mãe péssima'. E aí, ela vem nesse lugar também de calma", afirmou Cris.
Além de acolhimento, a doula indicava profissionais especializados, como psicólogos voltados à adaptação de crianças adotadas, e advogadas familiarizadas com os trâmites legais.
Cris Guterres sobre não monogamia: 'Não sou de viver único relacionamento'
Os xavecos que a jornalista e apresentadora Cris Guterres recebe vêm de pessoas tão diversas quanto uma mulher de 65 anos e um jovem de 22. Mas ela garante que há espaço para todos em seu coração. "Sou uma mulher que está descobrindo o relacionamento não monogâmico", disse ela.
Um conflito entre desejo e culpa foi o que levou a apresentadora a questionar o relacionamento monogâmico. "Me descobri uma mulher interessante muito mais velha. Quero poder me sentir desejada e desejar outras pessoas sem me sentir culpada dentro do meu relacionamento", afirmou ela.
Cris Guterres disse que sempre gostou de se relacionar e entender novas formas de relacionamento: "Eu me relaciono com algumas pessoas, e adoro me relacionar em diferentes intensidades".
Eu vivo um relacionamento romântico. Mas não sou uma pessoa de viver um único relacionamento romântico. Cris Guterres
Lidar com pessoas de diferentes gerações é um desafio, disse ela, mas a situação varia se o relacionamento é com um homem ou uma mulher. Cris diz se relacionar com ambos.
"Com a geração de 65 eu lido muito mal", afirmou a jornalista, acrescentando que o problema maior nessa faixa etária geralmente é com homens. "Não quero dizer que é o caso de todos, mas muitos têm comportamentos misóginos, machistas".
No caso da Geração Z (quem nasceu entre a segunda metade da década de 1990 e o início dos anos 2010), a jornalista afirma que percebe uma ligação maior com pautas sociais. O desafio aí é outro: a instabilidade financeira.
"Aí você é uma mulher que já se construiu financeiramente e tem que entender se está disponível para se relacionar com uma pessoa que não vai te acompanhar financeiramente, porque ela está começando a vida", afirmou ela.
Para Cris, o autoconhecimento ajuda a entender que tipo de relação a pessoa quer manter e, principalmente, a não ficar com alguém apenas para não estar solteira. "Quando a gente entende que a felicidade sozinha é viável, que a sua companhia é algo relevante pra você, isso faz com que a gente comece a entender um pouco melhor a construção de relacionamento que a gente quer".
Cris Guterres: "Uma mulher preta demora sete gerações para ter acesso a uma casa própria"
Cris Guterres morou sozinha pela primeira vez depois dos 40, uma decisão que, para ela, foi marcada pelo racismo e desigualdade social.
"Sou a primeira mulher da minha família a sair de casa para morar sozinha. As outras saíram ou para serem trabalhadoras domésticas ou para o casamento", disse ela.
Nós estamos num país onde uma mulher preta demora sete gerações para ter acesso a uma casa própria. Cris Guterres
Após o falecimento da mãe, há cinco anos, Cris adiou o plano de morar sozinha para acolher o irmão Marcelo, que tem deficiência intelectual. Com a chegada do filho adotivo, os três passaram a dividir o mesmo espaço.
O desejo de viver sozinha voltou à terapia como tema central: "Queria entender como é que eu ia fazer para dizer pro mundo e para mim mesma que eu não queria morar com o meu irmão, porque eu não queria. E isso foi muito difícil, porque aí eu senti a culpa".
A dificuldade, segundo ela, não vinha apenas da situação em si, mas da forma como a sociedade naturaliza a responsabilização das mulheres, sobretudo as negras, pelo cuidado familiar.
A saída foi alugar um apartamento para o irmão no mesmo prédio onde ela mora. "Agora vivo essa possibilidade de morar sozinha e receber meus amigos. Ficar nua em casa, dançar...".
'Acessíveis' no UOL
Toda terça, MariMoon e Titi Müller recebem convidados para um papo que vai de histórias de bastidores ao apocalipse climático, passando por tópicos como maternidade, redes sociais, relacionamento e cultura pop. Os episódios completos ficam disponíveis no Canal UOL e no Youtube de Universa.
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