Paula Gama

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GM ameaçada? Como Hyundai embolou briga entre as marcas que mais vendem

Se alguém dissesse há cinco anos que a Hyundai poderia ultrapassar a General Motors no Brasil, a maioria daria uma risada desconfiada. Mas em 2025, a conversa mudou de tom, e agora a pergunta é bem séria: será que a sul-coreana está prestes a roubar o posto de terceira maior montadora do país da tradicional Chevrolet?

Para entender esse possível ponto de virada no mercado, é preciso olhar com lupa para os números mais recentes. De acordo com a Bright Consulting, o mês de maio fechou com um crescimento relevante nas vendas gerais (+8,6% sobre abril), com destaque para as vendas diretas e os eletrificados.

E nesse cenário, a Hyundai ganhou participação: subiu de 8,5% para 8,74% em market share. A GM, por outro lado, ficou estagnada, com 10,12%, cada vez mais perto da cola. A liderança é da Fiat, com 21,57%, seguida da Volkswagen com 17,39%.

A força da Hyundai

O segredo da Hyundai está na dupla HB20, hatch e sedan, e Creta. Juntos, eles colocaram a marca entre as cinco maiores do país em volume. Até o fechamento de maio, os dois figuram entre os carros mais vendidos do Brasil, o HB20 em quinto lugar e o Creta em sétimo. E a marca ainda ampliou sua atuação com o Kona Híbrido, um SUV que já mira direto no segmento do Toyota Corolla Cross.

Mas o sucesso tem um limite: a fábrica de Piracicaba (SP) está operando em capacidade máxima, sem folga para aumentar a produção. E diferentemente de concorrentes diretas, a Hyundai ainda não tem em seu portfólio produtos-chave para ganhar volume: falta uma picape compacta ou mesmo média, por exemplo, ou um SUV menor que o Creta, nichos em alta no país.

Ainda assim, a marca sul-coreana vem ganhando musculatura: o fim da dependência da parceria com a Caoa abriu espaço para importar mais modelos e ampliar a oferta. Isso, somado à imagem de confiabilidade que a Hyundai construiu nos últimos anos, pode fazer toda a diferença.

E a GM?

Chevrolet Tracker 2026 reestilizado já roda com menos camuflagem
Chevrolet Tracker 2026 reestilizado já roda com menos camuflagem Imagem: Divulgação
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A General Motors, por sua vez, ainda carrega um peso histórico: já foi líder de mercado no Brasil, vendendo quase meio milhão de carros por ano. Em 2024, porém, fechou o ano com 314,9 mil unidades, uma queda considerável em relação à era pré-pandemia.

Hoje, a Chevrolet enfrenta um problema clássico de qualquer gigante: precisa se reinventar sem perder sua base. Modelos de alto volume como Onix e Tracker começaram a perder fôlego. Faltam atualizações visíveis e o consumidor, cada vez mais exigente, percebe. Vários concessionários relatam dificuldade em vender esses modelos e prejuízos na operação.

O momento exige cautela, mas há planos ambiciosos no horizonte: cinco lançamentos ainda em 2025, incluindo novas gerações de Onix e Tracker e dois elétricos "acessíveis". Para o próximo ano, é esperado o Carbon, um SUV de entrada que competirá com Volkswagen Tera e Fiat Pulse. A marca também tem uma vantagem clara: uma das maiores redes de concessionárias do país, com 600 lojas, quase o dobro da Hyundai.

Afinal, a Hyundai pode passar a GM?

A resposta mais honesta, por enquanto, é: a Hyundai está no caminho certo, mas ainda falta fôlego para o sprint final.

O crescimento consistente, a boa reputação dos produtos e a eficiência operacional jogam a favor da marca coreana. Mas ela ainda precisa ampliar seu portfólio e capacidade produtiva para ameaçar de verdade o terceiro lugar da Chevrolet, que, mesmo em crise, tem estrutura, histórico e uma rede de distribuição invejável.

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A GM aposta tudo em uma reação nos próximos meses. Se os novos produtos chegarem no tempo certo e com preços competitivos, a supremacia está segura. Se não, os rumos do mercado brasileiro podem mudar de novo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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