Allan Simon

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ReportagemEsporte

Leifert exalta final de Champions no SBT e fala sobre futebol fora da Globo

O jornalista Tiago Leifert terá no próximo sábado a oportunidade de realizar um sonho: narrar uma final de Champions League. Desde janeiro no comando das transmissões da Liga dos Campeões no SBT, Leifert estará em Munique para contar a história de um PSG x Inter de Milão que será histórico, seja qual for o vencedor. A partida acontece às 16h (horário de Brasília), mas a emissora da família Abravanel terá uma programação especial desde antes de a bola rolar.

Leifert conversou com a coluna e falou sobre a realização do sonho de narrar uma final de Champions. Contou que em seu casamento com a também jornalista Daiana Garbin, em 2012, a música de entrada do noivo foi o hino oficial da competição. Adiantou como será a cobertura do SBT na decisão, projetou o duelo entre PSG e Inter, e também falou sobre outras questões importantes do futebol e da mídia atualmente, como o desafio de fazer futebol fora da Globo, que foi sua casa por anos.

O sonho de narrar a Champions

Eu estou muito feliz, a Champions é super importante para mim. Não sei se eu já contei isso, mas eu casei em 2012, e quando eu casei, a música para entrar na cerimônia, no meu caso tocou o hino da Champions, tocou 'Zadok the Priest'. Maestro João Carlos Martins estava lá, foi ideia dele, porque ele sabia da minha paixão pela competição e pela música. Eu amo demais a Champions League, é muito importante para mim, é um campeonato que assisto muito, acompanho muito. No ano passado, eu tive a oportunidade pela primeira vez de ir para assistir, fui para trabalhar, mas não como narrador ou jornalista, fui cobrir o evento como influenciador, e foi um dos highlights do ano, uma experiência espetacular.

Passou um tempo, o SBT me ligou e falou 'você não quer vir narrar a Champions?'. Falei 'pô, tá de brincadeira (risos), lógico que eu quero'. Aí começamos em janeiro e estamos indo rumo a Munique muito felizes, estou muito orgulhoso do que já conseguimos fazer nesses primeiros meses, e estou ansioso pela final, acho que vai ser um jogo muito legal. E eu, que sempre 'trollei' o Paris Saint-Germain, estou achando que o PSG é favorito desta vez (risos).

Como será a transmissão no SBT

A gente já está com o João Venturi lá (em Munique), o nosso repórter, vai começar a fazer as reportagens para abastecer os telejornais e a programação. Eu vou narrar o jogo da Sul-Americana (Huracán x Corinthians) na terça à noite, embarco na quarta para chegar lá na quinta de manhã, então eu devo ter um link ao vivo nos jornais na sexta-feira. E depois, no sábado, a gente vai fazer um pré-jogo bem longo. A gente vai entrar no ar a partir das 14h.

Eu já escrevi algumas coisas, a gente já está em edição para fazer um pré-jogo muito informativo principalmente para quem não acompanhou a Champions, para quem talvez goste mais ou menos de futebol, vamos estar de um jeito que quem gosta de futebol e acompanha a Champions League vai se sentir em casa, o Mauro (Beting) e o (Alexandre) Pato vão estar lá, a gente vai comentar muito do jogo. E quem nunca viu, ou quem às vezes só assiste à final, a gente vai abastecer essa pessoa com informações também para saber o que está acontecendo, porque os dois times jogam de um jeito muito peculiar, e ao longo dessas duas horas a gente vai contar histórias dessas táticas e também pessoais.

Fazer futebol fora da Globo

Tiago Leifert se descreve como um "bicho de TV aberta", que gosta de fazer futebol para quem curte ou não curte tanto o esporte. Estilo que já era visto pelo grande público pelo menos desde 2009 na edição paulista do 'Globo Esporte', que apresentou e editou até 2015. A história com a Globo, aliás, gera perguntas interessantes sobre a nova experiência de fazer futebol fora dela, em um canal como o SBT.

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A coluna lembrou que até hoje internautas resgatam um vídeo de Leifert dando palestra em uma universidade e falando sobre como o futebol dava mais audiência e repercussão na Globo. A fala era de 2011, época em que o Brasileirão teve os direitos de transmissão em negociação, mas acabaram ficando exclusivos da empresa por mais alguns ciclos.

O então apresentador e editor-chefe do 'GE-SP' disse que a Globo dava mais audiência, tinha experiência de 30 anos, transmissões sempre boas em imagem e áudio, valorizava os patrocínios de camisas, e que 'a novela dá muito mais audiência que o futebol', e que se outra emissora tivesse os jogos contra a novela da Globo perderia de 40 a 8 no Ibope.

Cenários que mudaram nos últimos 14 anos apenas em números, não na realidade de outros canais perderem para a novela com seus jogos de futebol na faixa noturna. Como Tiago Leifert vê isso em 2025 estando no SBT como narrador principal? A coluna perguntou.

Total respeito pela Globo e pelo que ela faz. O quanto é difícil ganhar deles. Eu falei isso quando entrei no Prime Video, era a primeira experiência da Amazon com futebol no Brasil. Eles não tinham absolutamente nada ainda. A gente estava no início da conversa para implantação do projeto. Eles só tinham o sinal. Quando eu entrei, sendo ex-Globo, perguntei 'quem é o repórter?'. Não tem. 'Mas tem arquivo?' Não tem. 'Mas tem ilha de edição?'. Não, não tem. Tem que respeitar muito, porque os caras estão lá há 60 anos fazendo futebol, a estrutura de afiliadas, de treinamentos, de profissionais capacitados, de UMJ (Unidade Móvel de Jornalismo), de satélite, de parabólica, é um negócio que tem que respeitar, porque não é fácil fazer aquilo.

Muitas vezes eu li gente brincando e falando 'pelo amor de Deus, volta, monopólio', eu não aguento mais essa transmissão', vocês devem ter lido isso já, que é um comentário engraçado, mas é só um testamento à competência do que a Globo fez nesses últimos anos, e a gente tem que respeitar isso. Nós lá no SBT, e acho que todas as emissoras também, a gente tem um compromisso com a informação e isso vem lá da Globo, que foi a primeira a fazer isso direito, a estrutura de 'narrador, comentarista e repórter', a gente tem a mesma estrutura que foi implantada lá atrás, o compromisso com entregar um negócio de qualidade e que as pessoas saibam que você sabe do que está falando.

E na hora de olhar estratégia de audiência, infelizmente quando acontece uma crise no mercado a primeira verba que é cortada é a do marketing. Então eu acho que todas as emissoras que estão tentando entrar no mercado, como a Record fez, como o SBT está fazendo, a gente ainda está falando para convertido. A gente ainda anuncia o nosso produto para o nosso espectador que já sabe. Com o tempo, a gente vai precisar sair um pouco do nosso dia a dia. A gente chama bastante no Programa Silvio Santos, no SBT Sports, a gente chama dentro da transmissão, mas a gente precisa avisar as pessoas de fora que está passando aqui.

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Acho que a Record sofreu um pouquinho com isso. Eu mesmo, por hábito, na hora de ver o Brasileirão não lembrava que o jogo era da Record e ia direto no Premiere, da minha assinatura. A gente vai demorar um pouco para quebrar esse negócio, e para isso você tem que investir muito dinheiro e por muitos anos. E como o mercado hoje não está favorável, acho que é por isso que temos essa sensação de 'pô, tá dando 5, tá dando 4', mas no primeiro ano vai ser difícil, é uma questão de insistir. A gente viu nas últimas décadas muita gente que 'colocou o pé na água', fez um campeonato e tirou, compra um campeonato e no segundo ano fala 'pô, caro pra caramba' e sai. Mas você anunciou? Foi para a rua, avisou as pessoas? Montou uma equipe? Fez de outro jeito? Fez um pré-jogo e um pós-jogo mais longo para atrair a pessoa para ela ficar com você?

Meu ponto é que pode soar como mágica o futebol, mas não é só colocar no ar, plugar, comprar o direito e falar 'plim, vai dar 20'. Tem um trabalho muito grande para fazer de divulgação, montagem de equipe, que é caro, dá trabalho mesmo, e precisa ser feito se todo mundo quiser competir nisso aí, e eu espero que as pessoas façam, porque quanto mais players a gente tiver é melhor para todo mundo, concorrência é bom.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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