Rubel lança disco composto após cirurgia no coração: 'Urgência de viver'

A urgência de viver é o sentimento que norteia o novo disco de Rubel, "Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso?". Lançado no fim de maio, seu quarto álbum de estúdio revela uma nova face do artista carioca, agora mais conectado do que nunca à tradição da canção brasileira.

"Tem um olhar mais atento à música brasileira, à tradição da MPB, ao estudo da harmonia da canção brasileira, especialmente, na relação entre os acordes", comenta Rubel ao TOCA.

Produzido pelo próprio artista, com arranjos orquestrais de Henrique Albino e a participação de Arthur Verocai em "Reckoner", cover de Radiohead, "Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso?" é um disco no qual Rubel se volta com muita atenção ao violão, instrumento que o consagrou no início da carreira.

"A alma desse disco é o violão. Nesse sentido, é um irmão do 'Pearl' [seu primeiro disco, de 2015]", comenta.

Seu disco anterior, "AS PALAVRAS, VOL. 1 & 2" (2023), foi um álbum duplo, repleto de convidados, que explorava linguagens até então inéditas em sua obra, como o forró ou pagode. Depois disso, o artista conta que sentiu necessidade de voltar ao lar, literal e metaforicamente.

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Imagem: Henrique Barreto/Divulgação

"No 'AS PALAVRAS' (2023), não gravei nenhum violão. Meu violão amadureceu muito nesse período e eu sentia que não tinha mostrado isso ainda", comenta.

"O processo do 'AS PALAVRAS' foi muito intenso, durou 5 anos, partiu de uma pesquisa muito extensa na cultura brasileira, me obriguei a sair da zona de conforto para explorar novos territórios. E foi muito incrível, mas o passo natural seguinte foi voltar para um lugar mais familiar, tendo essa bagagem nova que adquiri", explica.

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'Urgência de viver'

"Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso?" foi produzido na casa do artista, que também tocou baixo e bateria. "A produção foi toda no quarto. Levantei as bases sozinho, gravei a voz e o violão, alguns complementos de bateria e baixo", conta. Em um processo muito íntimo, Rubel construiu um trabalho que expressava os sentimentos de seu momento atual, adentrando à maturidade, tanto biológica quanto artística.

"O disco tem uma coisa muito forte que é o diálogo com o tempo, a constatação de que o tempo está passando e que a vida acaba e a gente precisa entender o que fazer com a vida, como viver da melhor forma", explica.

"Fiz esse disco com 33 anos, é um período que você vai entendendo que a vida realmente corre. Tem essa sensação de urgência de viver de uma maneira afirmativa e significativa. O sentimento central seria a vontade de viver."

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Imagem: Bruna Sussekind/Divulgação

Impossível tirar da equação o fato de que Rubel teve um problema de saúde que o levou a realizar uma cirurgia no coração, poucos meses depois de lançar "AS PALAVRAS". "Quase todas as canções eu compus três meses depois de ter feito a cirurgia. Compus muito, mais do que eu sempre compus na minha vida inteira", afirma.

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Foi quase como um efeito colateral desse processo, não exatamente da cirurgia, mas de tudo que envolve receber uma notícia dessa e cogitar: 'Será que eu vou morrer?'. Confrontar uma possibilidade de morrer me fez trazer à tona o sentido da urgência da vida. E essas músicas não são carregadas de uma tristeza ou de uma dor. É o reverso, uma vontade de viver.Ter passado por isso me deixou com muita sede de vida, de cultivar as relações com as pessoas que eu amo e parar de perseguir uma carreira de sucesso. É inverter um pouquinho a ordem das coisas. A vida vem primeiro e depois vem a carreira

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