Mari Rios sobre tentar ser mãe: 'Exige do emocional, físico e espiritual'

Mariana Rios é conhecida por ser uma artista multifacetada — atriz, cantora, escritora e empresária. E nos últimos anos ela também se identifica com a missão de tentante: ela quer e tenta engravidar.

Newsletter

Materna

Conteúdo personalizado com tudo que importa durante a gravidez. Informe seu email e tempo de gestação para receber a newsletter semanal

Tempo de gestação
Selecione

Ao assinar qualquer newsletter você concorda com nossa Política de Privacidade

Mais do que compartilhar sua jornada individual de fertilização in vitro, Mariana tem dado voz a uma experiência comum ainda cercada de silêncio: a de quem sonha com a maternidade e não vê esse sonho se concretizar com a rapidez (ou a certeza) que o mundo espera.

A partir do momento em que decidi tentar, que vivi perdas, que me abri para o mundo e encontrei tantas outras mulheres vivendo histórias semelhantes, percebi que maternar começa muito antes do teste positivo.Mariana Rios, artista

Prestes a iniciar um novo ciclo de FIV com seu parceiro, Juca Diniz, Mari mostra que já não é mais aquela que enfrentou seu maior desafio, de expor a própria vulnerabilidade sem saber como esta seria recebida - e que se sente preparada. "Não como quem implora, mas como quem abre os braços com confiança", diz.

Projeto para acolher tentantes

O momento da dor, compartilhado após resultado inesperado na tentativa de engravidar
O momento da dor, compartilhado após resultado inesperado na tentativa de engravidar Imagem: Instagram

Nas redes sociais, a artista compartilhou que chegou anteriormente chegou a produzir nove embriões - e que nenhum deles pôde seguir. Transparente, conta como viveu o luto de um sonho que estava "quase" se realizando, e nos atualiza sobre seu momento atual.

"Me permiti sentir, chorar, respirar. Mas também me permiti continuar. Estou me preparando para um novo ciclo, com mais consciência, mais informação e mais acolhimento. Esse processo exige muita entrega emocional, física e espiritual. É um passo de cada vez, e cada etapa me ensina algo novo sobre mim mesma."

O movimento de acolher a dor, sem se deixar paralisar por ela, tem marcado sua narrativa - que vai ganhando mais e mais força, num retrato da luta silenciosa das tentantes. O projeto Basta Sentir, uma comunidade de acolhimento para mulheres tentantes criado por ela, está cada vez maior.

Continua após a publicidade

O Basta Sentir foi a forma que a artista encontrou de transformar dor em ação. Para ela, quando damos voz a uma causa, rompemos o isolamento e criamos pontes.

Não é só sobre fertilidade, é sobre empatia, sobre humanidade. A sociedade precisa parar de ver a mulher apenas como um corpo fértil ou infértil, e começar a enxergar o que sentimos, desejamos, tememos. Isso é um passo para um mundo mais sensível e justo.Mariana Rios, artista

A vida antes da tentativa

Para Mariana, o silêncio das tentantes ficou ensurdecedor e pesou mais que os hormônios. "Quando guardei tudo para mim, a dor cresceu. Quando comecei a falar, encontrei eco nas histórias de outras mulheres - e elas encontraram acolhimento na minha. A vergonha só existe porque existe o tabu. Quando mostramos que a tentativa é parte da maternidade, que a luta é digna e honrada, transformamos a dor em potência", conclui.

Mas, a raiz dessa força emocional talvez esteja em uma dor que veio muito antes. Ainda criança, aos quatro anos, Mariana enfrentou a perda de um irmão mais novo, vítima de um acidente doméstico - o que a fez conhecer a terapia logo cedo. Desde então, ela aprendeu a lidar com sentimentos grandes em um corpo pequeno e, de certa forma, encontrou no palco uma forma de oferecer alento à mãe e ao mundo. É lindo, e ainda assim, nem sempre é fácil.

Continua após a publicidade

Vivemos em uma sociedade que cobra resultados imediatos, como se a maternidade fosse um destino simples, uma linha reta. Ainda assim, escolhi o caminho da verdade.Mariana Rios, artista

Após um aborto espontâneo em 2020 e o diagnóstico de uma doença autoimune, Mariana se reconstruiu de dentro para fora, afirmando que este foi um dos momentos mais dolorosos da sua vida.

"O que me ajudou foi respeitar meu tempo de luto, buscar apoio terapêutico e espiritual, e entender que a dor precisava ser sentida, não negada. Meu conselho é: não minimize sua perda. Um sonho que se desfaz merece espaço para ser chorado. E mais importante: você não está sozinha. Existem milhares de mulheres que te entendem, que sentem junto com você", aconselha.

Depois de percorrer já uma longa estrada como tentante, e escolher permanecer nela, Mariana já entendeu que a felicidade não pode estar condicionada a um resultado. "Claro que há dias difíceis, mas viver com plenitude, mesmo sem certezas, é uma escolha diária. Não é natural, é um exercício. É claro que ainda desejo ser mãe, mas também sei que minha vida tem propósito e beleza mesmo que esse sonho não se concretize da forma que imaginei. Isso me liberta. Isso me fortalece", relata.

A artista ainda lembra que podemos maternar projetos, pessoas, causas. "É uma potência que vai além da biologia. Podemos nutrir o mundo com nossa sensibilidade, empatia, coragem", diz. "Maternidade não é uma fórmula, é uma construção única para cada uma de nós".

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.