Acúmulo silencioso: o que revela o hábito de empilhar roupas na cadeira

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Para muitos, acumular roupas na cadeira parece apenas um hábito preguiçoso. Mas, sob o olhar da psicologia, esse gesto aparentemente banal pode revelar sinais de algo bem mais profundo.
O que pode significar
Reflexo de baixa autoestima. Empilhar peças usadas, semi-usadas ou "ainda usáveis" sobre o móvel pode ser, em certos casos, reflexo de uma baixa autoestima. Pessoas que se sentem inseguras, deslocadas ou incapazes tendem a negligenciar o cuidado com o próprio corpo e com o ambiente em que vivem.
Manifestação silenciosa de ansiedade, medo de julgamento e até da internalização de abusos emocionais. É como se, por dentro, a pessoa já tivesse desistido de merecer um espaço organizado e acolhedor. Quando a mente está em desordem, o ambiente a acompanha.
Depressão, demência (como o Alzheimer), transtornos de personalidade, dependência química. Nesses casos, a desorganização não é apenas sinal de cansaço, é um pedido de socorro não verbalizado.
Nem sempre é sobre isso
Não dá para generalizar. Há quem esteja enfrentando dores emocionais profundas, mas reaja de forma completamente oposta — exagerando nos cuidados e na organização como tentativa de preencher um vazio interno. Em outras palavras, tanto o excesso de zelo quanto a completa bagunça pode esconder o mesmo tipo de sofrimento.
Retrato temporário de uma fase corrida e difícil da vida. Filhos pequenos, carga de trabalho intensa, semana de provas na faculdade, mudança de casa ou o cuidado com um parente doente. A desordem pode não ser da pessoa, mas do momento.
Peso da história familiar. Quem cresceu em um ambiente onde a higiene e a organização nunca foram valorizadas pode carregar esse padrão para a vida adulta sem sequer perceber. Afinal, como esperar que alguém cuide bem do próprio espaço se essa pessoa nunca aprendeu a cuidar de si mesma?
Mesmo assim, é um sinal de alerta. Todo mundo pode ter dias difíceis, o descuido pontual é normal. Mas se vira rotina, é hora de olhar com mais atenção.
Como ajudar - sem julgar
Primeira ferramenta é o diálogo. Com adolescentes, isso significa participar do cotidiano e observar se há uma busca exagerada por aprovação — de grupos ou da própria família.
Com idosos, a atenção deve ser redobrada. Mesmo os autônomos precisam de supervisão e escuta ativa.
Fique de olho em outros sinais. Se a desorganização vier acompanhada de outros sinais emocionais ou cognitivos, é hora de procurar ajuda especializada. Mudanças bruscas de comportamento, perda de peso, isolamento social ou acumulação compulsiva são sinais mais evidentes de que algo precisa ser investigado o quanto antes.
Psicoterapia é o primeiro passo. Em alguns casos, pode ser associada ao uso de medicamentos. O importante é não ignorar o sinal e oferecer apoio com empatia.
*Com informações de reportagem publicada em 01/11/2021
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